quarta-feira, 12 de setembro de 2012

26| Sentimento ferido.



                  Daniel estava deitado na cama, Patrícia havia se levantado sem acreditar no que havia escutado.
                    _ Você disse Thiago? Thiago?
                    _ Você não ouviu direito.
                    _ Ouvi sim. Eu ouvi sim! Foi Thiago o que você disse!
                    _ Eu ia dizer que você estava invocada demais com Thiago. – disse Daniel com o rosto vermelho que denunciava seu nervosismo.
                    _ Você ia dizer uma coisa sem sentido dessa na hora do sexo, Daniel… E para mim. Me ajuda, meu filho eu não sou trouxa! – gritou Patrícia exasperada.
                    _ Patrícia, volta para cá! Não é nada disso que você está pensando.
                    _ Olha isso! – apontando para ele na cama – A desculpa clássica que entrega a verdade. Me diz, como você conseguiu trocar  meu nome, pelo nome dele! Você estava comigo! Você tinha uma mulher nos braços, ordinário!
                    _ Pati...
                    _ Não me chama assim. Aliás, você nunca me chamou assim, o que você quer? Que eu esconda seu segredo? – ela estava furiosa – Veado! Trocada por um homem. Se fosse o nome de outra, eu até entenderia, mas de um homem!
                     Ela começou a se vestir, ele foi impedi-la.
                    _ Não me toque! Nojento!
                    _ Patrícia! – disse ele num tom mais severo – Você está levando isso muito à serio.
                    _ E não devo levar? Provavelmente vocês já devem ter um caso. Não duvido nada que tenha me largado na festa para ficar com ele. – gritou mais. – Depois de tudo que fiz por você, te ajudei em tudo que você precisou, para separar aquela idiota da Roberta do Ricardo para que você ficasse com ela. Te dando a ideia... Quando você enjoou dela ajudei para que tudo desse certo. Quantas vezes fiquei aqui em sua cama esperando nem que fosse uma migalha de sua atenção, enquanto você mexia no computador.Estava feliz porque sabia que você poderia ser meu. Só meu.
                    Daniel estava sem palavras ao vê-la chorar em sua frente.
                    _ Fiquei feliz demais quando você me pediu para namorar. Nossa! Fiquei radiante. Mesmo você me tratando mal, quantas vezes fiquei aqui em sua cama esperando nem que fosse uma migalha de sua atenção, enquanto você mexia no computador, nunca reclamei... – o tom dela era pesado – Sabe por quê? Sabe?
                    Ele balançou a cabeça negativamente.
                    _ Porque eu te amo! Te amei, sei lá. Então, me entreguei a você em nome desse amor e quando estamos na cama, - elevou a voz gradativamente -você chama por Thiago!  Sabia que estava bom demais para ser verdade.
                    Ele não sabia o que falar.
                    _ Eu sei que ele é gay.
                    Daniel a olhou assustado.
                    _ Quem te disse isso?
                    _ Não adianta fingir. Eu ouvi vocês dois conversando aquele dia na sala, pedindo para que terminasse comigo. Disse que você estava me enganando. Vocês dois juntos só pode ser piada.
                    _ Ele é como um irmão para mim.
                    _ Não adianta, Daniel. Vocês não devem saber então o que é incesto, mas praticar que é bom todo mundo sabe! E outra, vocês não são irmãos. Não acredito em você!
                    _ Acho melhor darmos um tempo.
                    _ Você acha? Sério? Um tempo... – fingiu pensativa – Pode ser... Eu quero um tempo do tamanho da minha vida!
                    Quando se virou para a porta, parou em frente ao retrato que mostrava bons momentos de amizade, olhou para Daniel com lagrimas nos olhos, voltou-se para o porta-retrato e cuspiu nele.
                    _ Você me dá asco! Isso não vai ficar assim! – saiu batendo a porta.
                    Daniel deitou na cama, ainda nu.
                    _ Me ferrei!
                    Patrícia saiu desnorteada da casa do ex-namorado. Chorava muito.
                    “Trocada por um homem. Isso eu não aceito. – secava as lágrimas - Isso não vai ficar assim! Não vai!”.
                    Seguia pela rua quando entrou uma loja.
                    Thiago estava arrumando as malas para a viagem que faria no outro dia, estava ansioso por tudo que aconteceria. Seriam dias inesquecíveis. Apesar de seu coração estar um pouco apreensivo, não via a hora de fazer o ensaio. Durante todo o trabalho ficaria no hotel pago pela agência. Estava todo feliz pela oportunidade e sorria sozinho dentro do quarto quando ouviu uma agitação na rua.
                    Alguém bateu na porta, o coração de Thiago acelerou, mas era apenas o vizinho.
                    _ Pois não, seu Luiz, em que posso ajudar?
                    _ Thiago, oi! Vem ver isso.
                    Algumas pessoas conhecidas estavam paradas na rua e o olhavam com suspeita, como se o analisassem, alguns estavam olhando num mesmo sentido para outra coisa.
                    _ Oi gente! O que foi?
                    Quando Thiago virou para ver o que era, viu a fachada de sua casa pichada. A tinta que formava as letras ainda escorria de tão frescas que estavam. Thiago pôs as mãos sobre a boca. Dona Zita acabara de chegar e quando viu o neto e as pessoas olhando para o mesmo lugar, veio perguntando o que havia acontecido, quando leu, ficou séria.
                    As grandes letras que escorriam em vermelho vivo da parede escreviam:
                    “NESTA CASA MORA THIAGO, UM GAY ENRUSTIDO QUE ROUBOU MEU NAMORADO. MULHERES, CUIDADO COM ELE!”.

                                                                                  Continua...
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