Thiago estava encurralado
diante da pergunta de Roberta. Não queria entregar Daniel, mas não se sentia
confortável em enganar a amiga.
_ Eu não sou gay! Sou bi. –
“Eu acho! – ele pensou”.
_ Você não me respondeu.
Thiago se ajeitou no sofá.
_ Eu te beijei aquele dia
porque o Daniel pediu. Ele não queria mais te namorar e não achava uma maneira
de terminar. Talvez não foi homem suficiente para dizer isso de uma forma mais
prática.
Roberta não esperava tanta
sinceridade.
_ Engraçado que ele me
procurou bem depois para dizer que me amava, até me beijou, se não parecer
prepotência de minha parte, ele estava quase implorando para voltar...
_ Não é prepotência, é
certo. Depois que ele percebeu o que fez e viu que o Ricardo havia chegado por
um capricho do destino, se arrependeu.
_ Que doido!
_ Você não percebeu em
quatro anos de namoro o quanto ele era inconstante? As pequenas escolhas dele
eram suplício para a alma.
Se olharam, riram por causa
do que Thiago falara tão poeticamente.
_ Tudo isso é passado, eu
queria mesmo entender o porquê de tudo, às vezes me sentia culpada pelo término
do namoro, pensando em que eu havia errado...
_ Quero te pedir perdão todo
sofrimento que te causei. Você não merecia, mas como eu disse o destino
conspirou ao seu favor. E fico feliz por isso.
_ De onde ele tirou essa
ideia de armar tudo isso só para terminar comigo? – Roberta perguntava curiosa.
_ Não sei. Minha ideia que
não foi. – ficou pensativo – acho que a ideia nem era dele também, porque
algumas semanas antes ele não sabia como conversar com você, e me disse que não
conseguia pensar em nada, então quando ele veio me falar sobre o plano, deixou
escapar que alguém o tinha sugerido, tentei perguntar quem, mas ele fingiu não
me escutar, ignorei.
Roberta ficou pensativa
também, quando perguntou mais uma vez.
_ Quero te fazer mais uma
pergunta e conto muito com sua discrição e sinceridade.
_ É o que tenho para te dar.
Pergunte.
_ Antes de o Ricardo ir para
a Espanha, eu iria começar namorar ele, mas por um motivo semelhante isso não
pode acontecer. Você tem alguma coisa para me dizer com relação a isto também?
_ Você viu Ricardo beijando
alguém?
_ Sim!
_ Não! Disso não sei nada,
quando foi?
_ Na última festa, antes do
Ricardo viajar.
_ Nesta festa não pude ir.
Estava viajando.
_ Ah! Então está bem. –
disse frustrada.
_ Você não disse se me
perdoou. – disse olhando-a de baixo para cima.
_ Ah, Thiago! – disse
pesarosa – Apesar de eu estar bem melhor agora, não sei se posso dizer que
confio em você. É tenso isso.
_ Não se preocupe.
Compreendo sua situação.
Estavam sem jeito.
_ Talvez com o tempo, quem
sabe...
_ É, quem sabe... – deu um
sorriso forçado. – Você vai falar com ele?
_ Não! Não preciso dele mais
para nada. Acho também que não valerá a
pena ressuscitar isso. Era só o que eu queria saber. Agora tenho que ir.
Obrigada pela sinceridade. Eu precisava saber da verdade.
_ Você a merecia. –
dirigiu-se a porta. – Eu que agradeço por ter vindo me procurar e não me
estrangular por tudo que fiz contra você.
_
Está perdoado.
Ela disse saindo e ele
fechando a porta, sentou-se novamente no sofá, estava tenso, mas estranhamente
aliviado. A verdade era o melhor ponto final para esta história.
_ Talvez nada mais me prenda
aqui. Às malas.
Para as demais, um ponto
continuidade.
Continua...
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