O sol já ia alto. Roberta abriu os olhos como que se por obrigação enrolada num lençol azul claro, tentava reconhecer o local onde estava, parecia que o sono havia tirado sua consciência. Era um quarto conhecido, com papel de parede listrado, algumas pilhas de cds ao lado de um computador.
_ Flávia!
– chamou uma primeira vez sem forças – Flávia!
_ Oi! –
a voz rouca da amiga respondeu ao lado – Estou aqui não precisa gritar.
_ Eu não
gritei! Mortos não gritam...
_ Hum! O
que é?
_ Nada!
Pensei que não estivesse aqui!
_ Ah
está bom! Então volta a dormir...
_ Gente
que preguiça para levantar, eu não me agüento!
_ Foi
bom demais, hein?
_ Bom foi pouco, foi demais!
_ Nossa!
Você num está falando nada com nada... – riu Flávia.
Dormiram
de novo.
Três e
trinta da tarde. Flávia voltou do banheiro e entrou no quarto, viu a amiga
penteando os cabelos em frente a penteadeira, então, sentou-se na cama e lhe
passou algumas coisas que já tinha vivido com a amiga.
_ Já
passamos por muita coisa não é mesmo, amiga!
_ E
como!
_ Deixa eu te perguntar, quando
Daniel terminou contigo, você procurou o Thiago?
_ Para quê? – continuava penteando.
_ Sei lá... Ele não tinha motivo
para beijá-la. Nunca o vi de olho em você e nunca te cantou. Achei esquisito.
Isso ainda me intriga às vezes.
_ Por que isso agora? – virou para a
amiga curiosa – como se importasse, eu e o Ricardo estamos juntos e não me
importa mais.
_ Eu sei, mas desconfio ligeiramente
que o Daniel tenha armado isso.
_ Você acha?
_ Conhecendo o Daniel do jeito que
conheço, sem dúvidas. Sem contar que ouvi esses dias a mula manca falando que
ele já fez diversas coisas para se livrar do que o incomodava e tinha nela uma
aliada. Que ela gosta dele todos sabem, mas que coisas ele já pode ter feito?
Roberta parou de se pentear, lembrando-se
de um detalhe.
_ Naquela noite foi ela quem disse
que o Thiago queria conversar sério comigo, sobre o Daniel.
Flávia fez cara de “não estou
dizendo!”, e Roberta simplesmente disse:
_ É passado e quem vive de passado é
museu. Se foi ele quem armou, problema dele. Conseguiu o que queria. Me perdeu.
Apesar de que eu chorei uma noite toda por causa dele não é?
_ Então...
_ Eu me lembro de ter ligado para o
Thiago para ele dizer ao Daniel que tudo foi engano, mas ele não atendeu.
_ Pois é...
_ Será que ele fez tudo isso só para
terminar comigo? Por que não chegar logo para me falar? Me senti tão, tão...
Sei lá... Desesperada por causa dele. Como podemos fazer par descobrir se
realmente foi armado?
_ Fácil! Vamos nos aproximar de quem
pode nos contar.
_ Quem? Patrícia? – gargalhou –
duvido!
_ Não! Do Thiago! – disse Flávia
como se tirasse uma carta da manga.
_ Se a Patrícia, não falaria,
imagine o Thiago. E outra, isso mudaria o que em minha vida? Nada! Como já
disse, estou com o Ricardo e para mim tanta faz. Daniel pode morrer.
_ É aqui que eu quero chegar. Porque
não mudaria agora, mas mudou antes. Você não acha essa situação muito parecida
com outra não?
_ Nossa! Hoje você acordou meio
investigadora, não é?
_ Um pouco! Lembra ou não?
_ Hum... Eu devia lembrar não
é? - disse Roberta meio constrangida.
_ Sim! Devia. – sem paciência - Mas
te lembrarei... O que aconteceu que te impediu que você ficasse com o Ricardo
da primeira vez?
_ A mula manca estava agarrada com
ele, e o Daniel quem me mostrou... É verdade! Gente,
não acredito numa coisas dessas não! Filha da...
_ Quando eu digo que você não presta
atenção nas coisas, você pensa que eu que estou ficando doida...
_ Flávia, mas tudo isso é suposição.
E se não for? Como saberemos?
Respirando fundo, a amiga disse:
_ Thiago! Nos aproximaremos dele.
_ O Ricardo não pode saber disso.
_ Não saberá. Nós poremos um ponto
final nesta história em breve.
Continua...
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