terça-feira, 21 de agosto de 2012

8| Felicidade monitorada.


Depois de uma sessão de cinema, Roberta e Ricardo voltavam para casa abraçadinhos no ônibus. Riam de bobagens que viam. Como estavam felizes! Ao chegarem em casa, Ricardo segurou as mãos da namorada e beijou-as, olhando-a nos olhos. Ela sorria como se fosse a mulher mais sortuda.
            _ Eu sou o homem mais sortudo da face da terra. Eu te amo, você me ama. Ter você assim por perto é a melhor coisa que aconteceu em minha vida até agora.
            _ Seu bobo. – sorria ela.
            _ Falo sério.
            _ Eu que sou sortuda porque você não desistiu de mim. Mesmo eu sendo tão estúpida e ridícula, você ainda me ama.
            _ E continuo amando agora mais que antes. – ele sorriu
Já tinha um tempo que eles estavam namorando e todos já sabiam, até o Daniel, que não se conformava, mas estava estranhamente quieto.
Flávia amou a notícia. Sentia-se como se seus esforços estivessem sendo recompensados.
            _ Está feliz, amiga? – perguntou ela, enquanto andavam pelo corredor da escola.
            _ Sim! Muito feliz.
            _ Está vendo como ser feliz é simples, basta querer!
_ É verdade! – sorria Roberta
_ Então, temos que marcar um role nós quatro, hein!?
_ Claro! Com certeza!
_ Podemos ir juntos ao Festival de Inverno, que tal?
_ Perfeito, amiga!
Roberta animou muito, pois o Festival de Inverno seria uma programação incrível que aconteceria numa cidade próxima e prometia muito.

Patrícia, uma garota que já havia participado de muitas armações com Daniel, ouviu o que as garotas programavam e imediatamente ligou para Daniel. Ela gostava dele e por isso sempre fazia tudo que poderia agradá-lo, mesmo que fosse para ele ficar “temporariamente” mesmo sendo a outra, tinha esperança de ser a namorada dele. Sabia que Daniel lhe era grato por todas as ajudas e que um dia isso se converteria em seu favor.
_ Daniel. – ele respondeu do outro lado da linha.
_ Olá meu bem. É a Patrícia. Tenho novidades para você!
_ Olá Patrícia! O que há de novo?
_ O festival de inverno promete muito, meu querido. Ainda mais para o novo casal da cidade.
_ Eles vão ao festival que dia? E quem te falou que eles vão?
_ Ouvi a conversa das duas no corredor. O dia elas não falaram, mas que vão isso você pode ter certeza, o dia podemos descobrir depois.
_ Ok. Esse vai ser o pior festival que terão.
_ Nossa! Está tão amargo assim. Posso te ajudar se quiser...
_ Vou precisar de sua ajuda sim, mas agora preciso de outra coisa. Pode vir aqui em casa?
Patrícia nem acreditou.
_ Claro que sim! – pensou a resposta e não quis parecer muito fácil, apesar de gostar demais do Daniel, ela tinha orgulho, ainda. – Digo, não sei se dá. Para que, você me quer... Aí?
_ Te respondo aqui. Estou te esperando. – desligou, sabia que ela não negaria.
Se fosse por ela, já estaria na porta dele. Era a chance de mostrar que gostava demais dele. Já tinha um tempo que assumira para si mesma que o Daniel era o homem da sua vida, e pôs na cabeça que ele pertenceria a ela um dia, nem que para isso tivesse que demonstrar de uma maneira mais forte.
Não pensou muito, chegou a casa dele ansiosa, seria sua primeira vez, apesar de dizer para todos que não era mais virgem. Teve receio, mas confiava nele, quando viu os olhos do rapaz que tanto gostava não teve dúvida. Se entregou.

Faltavam alguns dias para o tão esperado festival de inverno que aconteceria na cidade vizinha. Apesar do evento não ser na cidade, havia certa movimentação em todos os habitantes, pois era um evento grande.
Ricardo atravessou a rua e bateu na casa de Roberta.
_ Olá Ricardinho!
_ Tudo bem, Antônia. Vim chamar a Roberta para dar um passeio comigo, a senhora se importa?
_ Ô meu querido! Claro que não! Te conheço desde pequeno e sei o quanto você é responsável. Pode sim! Vocês podem passar na padaria e trazer alguns pães?
_ Claro!
_ Como está seu pai?
_ Está bem, obrigado! Está de plantão hoje!
_ Eita! Essa vida de médico é terrível!
_ É sim, mas já me acostumei!
_ Robeeeerta! Ricardo está aqui!
Antônia deu um grito que assustou o Ricardo, mas ele também a conhecia e sabia que ela era meio estranha.

Patrícia se sentiu estranha. Pensou que seria diferente, ainda mais por ser com quem gostava. Sentia-se dolorida e só depois percebeu o sangue que manchava os lençóis da cama do rapaz. Ele no banho não havia percebido. Ela correu e jogou os lençóis sujos na máquina de lavar e encontrou outros para pôr na cama.
_ Agora vou ter que sair, desculpa ser assim tão rápido, mas é sério. Você toma banho na sua casa, não é? Estou atrasado mesmo. – ele se vestiu rapidamente e nem esperou ela se levantar e sair. Ela sabia como fazer isso. Pegou o carro e deixou-a no quarto, entre os lençóis.

Durante o passeio, tudo eram flores. Desfrutar do romantismo de Ricardo era uma delícia para Roberta, que também sabia retribuir carinhosamente. Formavam um casal perfeito.
_ Eu já disse que você é linda hoje? – disse olhando nos olhos dela.
_ Hum... Não! Não que me lembre.
_ “Você é linda mais que demais, você é linda sim, esta canção é só pra dizer e diz.” – cantarolou.
O sorriso e o beijo se misturaram numa forma única de carinho. Estavam sentados no banco da praça que tinha o chão repleto de folhas das árvores que compunham a paisagem. A cabeça dela encostava-se ao ombro dele que a envolvia um abraço, protegendo da brisa fria do fim da tarde.
_ Quero compartilhar uma coisa com você.
_ Então espera aí, porque vou abrir meu facebook aqui. – disse ele aos risos.
_ Não! – ria também – quero só falar para você.
_ O que foi?
_ Sua companhia – levantou um pouco a cabeça para que pudesse olhá-lo nos olhos – me faz tão bem. Você não sabe o tanto que eu fico feliz perto de você!
Ele a olhava nos olhos também. Um momento que as palavras se faziam desnecessárias.
_Uau! – ele sussurrou depois de um tempo – eu te amo demais.
Ficaram mais um tempo abraçados na praça e nem perceberam que quem os vigiava, de longe, alimentava um rancor sem fim.

Continua....
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